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Albufeira

Ao mar!

Falemos então do que nos traz aqui, a pesca em alto mar com embarcação fundeada. O PE saiu para o mar na companhia de quatro amigos que fazem destas águas um local de pesca por excelência.
Saímos para o mar por volta das 6h30, o sol ainda não rasgou o azul dos céus, não há vento, navegamos para poente em busca dos melhores pontos de pedra. Aqui, podemos encontrar vários tipos de fundo, cascalho, lajes de pedra com areia, pedra rendilhada ou até cabeços com vários metros de altura, com profundidades entre os 20 e 60m.
Os iscos que nos acompanham são sempre variados: berbigão, casulo de parchal ou canudo, lingueirão e ralos são obrigatórios nestas saídas, mas por vezes têm a companhia de outros como o camarão e os filetes de sardinha ou cavala. Após navegarmos 30 a 45 minutos com o sol a rasgar nas nossas costas, fazemos então a primeira poitada do dia frente Armação de Pêra e largamos ferro num local onde buscamos o besugo, espécie que por aqui tem o condão de acordar cheia de fome. Aliás, quem pesca ao besugo deve sempre aproveitar o nascer e o pôr do sol, pois embora haja dias em que caem nos anzóis durante todo o dia, é nestas alturas que estes meninos comem sem sequer pedirem licença, sendo fácil trazer três peixes de cada vez que a montagem volta ao barco.
Após metermos anzóis na água, constamos que não há corrente, vulgarmente designada de aguagem, assim aproveitamos para pescar com chumbadas de 120 a 130 gr – caso contrário, teríamos de optar por umas mais pesadas, na casa das 160 ou mesmo 180 gr, o que tornaria a jornada mais cansativa.
O peixe não estava com o frenesim desejado, os besugos até aparecem, pouco a pouco, intercalados com umas safias e umas choupas pequenas que prontamente são devolvidas à água. Tentamos de tudo para o peixe se juntar mas as nossas montagens pedem mais trabalho.

Quem pesca ao besugo deve sempre aproveitar o nascer e o pôr do sol, pois embora haja dias em que caem nos anzóis durante todo o dia, é nestas alturas que estes meninos comem…

Montagens

Por falar de montagens, os materiais que por aqui se usa não diferem muito dos habituais, embora se pesque ligeiramente mais fino. Os fios normalmente são de fluorocarbono, com madres de 0.30 a 0.35 mm e estralhos de 0.20 a 0.30 mm. O mais natural é pescar com os dois anzóis de cima (nºs 1 a 3) empatados com fio mais fino e o anzol de baixo (nº 1) com um fio um pouco mais grosso, pois as investidas de espécies de maior porte fazem-se sentir, normalmente, junto ao fundo. As uniões madre/estralho ficam ao gosto de cada um: cross-beads, pérolas, destrocedores ou rotores são as opções mais encontradas.

Pesca… e um segredo

Como o peixe não quer colaborar da forma desejada, decidimos então navegar um pouco mais para fora. A próxima poitada tem como abjectivo procurar peixe de outro calibre: os sargos-veados, as bicas e os parguetes são agora os nossos alvos. Passados alguns minutos a navegar e a debater ideias, lá chegamos ao sítio desejado com a ajuda do GPS. Andamos para trás e frente, esperando que a sonda nos mostre o que queremos ver. Após várias voltas em torno do ponto mãe, lá encontramos um cabeço pequeno mas que marca peixe num dos seus declives.
E passados alguns minutos, lá começam a sair uns peixes: garoupas, andorinhas, choupas e safias são as primeiras a acudir ai isco, enfim, vai-se fazendo o pesqueiro. Após uns quarenta e cinco minutos no pesqueiro e para alegria geral as bicas também começam a aderir e a adrenalina começa a subir. As embriagens dos carretos já se fazem ouvir, as ponteiras das nossas canas começam a querer tomar banho e o chalavar vai ter de nos desculpar, mas o descanso ficará para outra hora. Já com algumas bicas a bordo, os parguetes e os sargos-veados juntam-se à festa.
É então chegada a hora que tanto gostamos, o peixe maior entrou no pesqueiro e as nossas iscadas recaem agora sobretudo no ralo e lingueirão.

É hábito termos duas canas fortes á popa, onde usamos montagens mais fortes e com apenas 1 ou 2 anzóis, iscadas com sardinha e/ou cavala.

O peixe não é muito, mas vai saindo com uma boa cadência, ora umas choupas, ora umas safias, sempre intercaladas com um peixe mais bonito e trabalhoso.
O contentamento é geral, todos a bordo têm pelo menos um bom exemplar, mas de repente o peixe deixa de colaborar. das duas uma: ou foi embora ou entrou bicho grande no pesqueiro, aliciado pelo cheiro da sardinha que temos no engodador. Na maioria das vezes que saímos para uma jornada de alto – mar fazemo-nos acompanhar por um engodador artesanal, que não é mais do que um tubo de PVC com uns 49 cm de comprimento e 15 de diâmetro, com furos em todo o seu redor e tapado em ambas as extremidades, sendo uma das tampas fixa e a outra móvel. Dentro do tubo, é fixo um chumbo de Kg, de modo a que o aparelho não seja arrastado pela corrente. O espaço interior é então preenchido por 3 ou 4 kg de sardinha pisada, de modo a termos o pesqueiro sempre engodado. Claro é que este artefacto traz, como em tudo, vantagens e desvantagens, mas na nossa opinião as vantagens superam as desvantagens.

Sinais

Como dizia anteriormente, estávamos na expectativa de ter entrado peixe grande no pesqueiro, que de facto veio a verificar-se. Entre as outras coisas que já mencionadas, é também hábito termos duas canas fortes á popa, às quais chamamos canas vadias, onde usamos montagens mais fortes e com apenas 1 ou 2 anzóis, que iscamos normalmente com sardinha e/ou cavala. Estes aparelhos estão normalmente vocacionados para peixe grande que ande lá em baixo e que não seja atraído pelas iscadas das outras canas.

Pois bem, foi numa destas vadias que sentimos uma enorme investida. Agarro nessa cana e sinto duas enormes cabeçadas, a embriaguem do carreto começa a zunir mas é sol de pouca dura, o peixe desferra e o desalento é enorme. Um peixe deste ir-se embora é péssimo, não só porque traz um enorme amargo de boca mas também afugenta o outro peixe que se encontra debaixo do barco e que já não é muito… Mas enfim, há que continuar.

É então a vez de o mestre da embarcação sentir também ele o prazer de lutar com um menino destes, mas passados alguns momentos acaba por sentir o mesmo amargo de boca, desta vez o peixe foi á pedra acabando por cortar o estralho. É assim, umas vezes é do pescador, outras do peixe. Assim se um peixe fugido é mau, então dois foi o final, o peixe desapareceu por completo de tal sítio.

Como a pesca estava feita, decidimos então rumar a terra com a certeza que fomos mais uma vez brindados por um dia excepcional.

Bom tempo, bons amigos e peixe q. b., que mais poderá pedir um pescador…













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